10 Outubro
Pedro Amado
Vitor Quelhas
Catarina Silva
Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto / i2ADS
Instituto Politécnico do Porto / ID+ / uniMAD
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave / ID+
Este artigo apresenta uma caraterização dos impressores, tipógrafos e designers portugueses que mantêm viva a atividade de impressão com tipografia de carateres móveis de forma tradicional, ou combinada com outras técnicas. As duas principais categorias identificadas, que operam através de 3 gerações diferentes, demonstram que os impressores e designers gráficos tradicionais trabalham em conjunto para manter viva, explorar e desenvolver esta atividade.
Na última década, a impressão tipográfica tem atraído cada vez mais interessados — sobretudo designers gráficos — , à medida em que estes descobrem e exploram as suas propriedades visuais e materiais. O principal problema é que as informações e os conhecimentos necessários para aprender essa prática são dispersos e escassos. Manuais práticos sobre impressão tipográfica estão há muito tempo esgotados, ou são muito difíceis de encontrar. E as ferramentas e materiais de impressão são de difícil acesso, especialmente porque muitas escolas os eliminaram. Mesmo quando estão disponíveis, as descrições são difíceis de entender sem o contexto ou a ajuda de um impressor devidamente treinado.
À medida que a população ativa de compositores e impressores tradicionais de tipografia diminui — uma tendência observada internacionalmente — , é urgente preservar o património cultural dessa prática especializada. O principal objetivo desta comunicação é apresentar um resumo das atuais oficinas tradicionais de tipografia que operam em Portugal. Com base em fontes documentais e em conhecimento empírico anterior, identificamos uma amostra inicial de oficinas e ateliers que ampliamos através de amostragem de bola de neve durante as entrevistas.
Realizamos entrevistas semiestruturadas face a face, divididas em quatro dimensões: oficina / caracterização do autor; processo de impressão tipográfica; educação / formação; e referências. Isto teve dois propósitos: caracterizar cada oficina, material e experiência para partilhar; e fornecer diretrizes de educação com base no perfil de cada oficina para partilhar com alunos, profissionais e entusiastas. A análise das entrevistas aponta para a existência de três gerações de dois tipos de profissionais ou oficinas interessadas em preservar a prática: os profissionais com formação tipográfica tradicional (por exemplo, Tipografia dos Anjos); designers gráficos com formação autodidata, ou tradicional (por exemplo, Tipografia Dias, ou o coletivo We Came From Space). Apesar do fosso existente entre as diferentes gerações e origens, todos estão interessados em manter ou recuperar este conhecimento através da prática e da exploração toda técnica tipográfica.
Em suma, mais do que uma tendência, ou de um renascimento, existe atualmente um núcleo ativo de profissionais interessados em preservar e partilhar o léxico, o conhecimento e as práticas tipográficas tradicionais, ou mais atuais com as próximas gerações.